Buzina, freada, ronco do motor, música alta, gritos, conversas e uma infinidade de outros barulhos compõem o trânsito brasileiro. Se a poluição sonora já incomoda muita gente, imagina o que ela faz para os motoristas, que estão muito mais expostos a ela?!

Embora não seja considerada como uma agressão, esse tipo de poluição é prejudicial à saúde dos trabalhadores e pode ocasionar danos psicológicos e acarretar problemas de coração, estresse, alterações no comportamento social e até mesmo redução do desempenho profissional.

O ruído do trânsito é capaz de causar, ainda, dores de cabeça, irritabilidade, fadiga, desatenção, alterações no sono e até mesmo surdez. Um estudo realizado em Belo Horizonte, por exemplo, revelou que, de 1527 trabalhadores do transporte urbano entrevistados, 213 tiveram um diagnóstico de perda auditiva. A maioria ocupava cargo de motorista, e os demais eram cobradores.

Apesar de o ruído ser um dos agentes mais comuns nos ambientes de trabalho e nas grandes cidades, os investimentos para seu controle, no país, ainda são escassos. Além das consequências diretas da perda auditiva associada ao ruído, as evidências demonstram que são maiores os riscos de acidentes de trabalho por causa da exposição frequente ao barulho.

Fora o ruído excessivo, os rodoviários que trabalham nas metrópoles também sofrem com a falta de estrutura dos veículos e com as péssimas condições de trabalho. Além disso, a jornada extensa de trabalho, as más condições das vias, a privação do sono e os hábitos alimentares inadequados também afetam esses trabalhadores.

Ser motorista de ônibus significa trabalhar em escalas, muitas vezes, irregulares. Isso prejudica, por exemplo, a vida em família e as condições de lazer. Outro fator negativo é referente às condições de trânsito nos horários de pico, o que contribui, ainda mais, para o ruído no trabalho.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Fetropar), João Batista da Silva, o ruído pode ser controlado com programas de prevenção.

O problema é que, embora o ruído possa provocar danos irreversíveis, não é visível e não traz ferimento. Por isso, muitos trabalhadores, após suportarem as primeiras semanas de trabalho exposto ao ruído, têm a sensação de estarem “acostumados”.

“Como podemos observar, o trabalhador que está exposto a determinadas condições de trabalho pode desenvolver doenças que passam despercebidas, muitas vezes, pelos próprios profissionais. Por isso, é importante que o trabalhador também se envolva na luta por melhoria da qualidade do trabalho com a ajuda do sindicato”, orienta o presidente.

Fonte: Fetropar