A divulgação dos mecanismos de como tornar a internet acessível a todas as pessoas e, não necessariamente, a criação de leis, é fundamental para garantir o acesso de deficientes à internet.

A declaração é do diretor da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, Paulo Sérgio Sgobbi. Ele participou de audiência da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, da Câmara dos Deputados sobre a inclusão e o acesso à internet.

Segundo Sgobbi, hoje, muitas páginas da web não são acessíveis por desconhecimento de ferramentas de acessibilidade.

“O que falta é o conhecimento. Você coloca uma foto no seu site, no seu portal, e na hora que você coloca a foto ela é traduzida pela máquina como um número. Então, se uma pessoa cega, com leitor de tela, passar o mouse na foto ela vai saber o número que está por trás dessa foto. Se a pessoa que está colocando essa foto nesse site sabe como fazer, ela coloca a descrição da foto. Se é uma pessoa morena, cabelos claros. Ela coloca a descrição da pessoa e, à medida que o mouse passa, essa foto é descrita para o cego”, disse Sgobbi.

Convenção internacional

Para o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e autor do requerimento para a audiência, deputado Professor Victório Galli (PSC-MT), as políticas públicas devem ir ao encontro da Convenção Internacional sobre Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada pelo Brasil em 2009.

“Há muito, a internet deixou de ser um privilégio de poucos acadêmicos para se tornar um grande ambiente de relacionamento pessoal e profissional, onde praticamente tudo pode ser realizado. Quem está fora da grande rede certamente também está fora do que acontece no mundo”, observou o parlamentar.

“Essa é a razão para buscarmos uma política pública de acesso à internet que seja inclusiva e que considere, de maneira adequada, as necessidades particulares das pessoas com deficiência”, acrescentou.

Direito fundamental

A secretária nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Rosinha da Adefal, destacou que a acessibilidade é tão importante quanto qualquer direito fundamental previsto na Constituição. Para a secretária, a acessibilidade é muito mais ampla do que a instalação de rampas, e a falta de acesso à internet prejudica o exercício de outros direitos.

Hudson Vinícius Mesquita, representante da Secretaria da Tecnologia da Informação, destacou que, desde 2007, o governo federal adota o modelo internacional de acessibilidade à internet. Segundo afirma, a secretaria tem dado apoio, promovido cursos e elaborado guias de orientação para garantir a acessibilidade e divulgar os padrões existentes.

Tecnologia assistiva

Diretor do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, do Ministério da Ciência e Tecnologia, Victor Pellegrini Mammana destacou as ações do Centro de Tecnologia Assistiva.

A ideia é incentivar a articulação de uma rede para buscar levar às universidades do País a tecnologia assistiva. O projeto, segundo ele, apresenta bons resultados como o aumento do número de pessoas com deficiência nos ensinos médio e superior.

Autonomia

Reinaldo Ferraz, representante do Consórcio World Wide Web – W3C Brasil, lembrou que as pessoas com deficiência têm direito de usufruir dos benefícios e autonomia proporcionados pela internet.

Ele também falou que construir páginas acessíveis não é tão complicado como parece e que é melhor já pensar na alternativa logo no início do projeto, já que adaptar uma página existente é mais trabalhoso. “A acessibilidade deve ser pensada desde o início dos projetos.”

 

Fonte: Agência Câmara