Além dos prazos apertados de entrega das mercadorias, da grande demanda de trabalho e do estresse do trânsito, a rotina dos motoristas rodoviários é diretamente afetada pelas condições precárias das rodovias.

No Paraná, o cenário é cada vez mais preocupante: em 2013, 62,8% das estradas do estado eram consideradas ótimas ou boas, índice que caiu para 38,2% em 2017. Já o percentual de rodovias em condições ruins ou péssimas quase dobrou no mesmo período, passando de 15,3% para 28,2%. Os números são de uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Essa situação atinge a saúde e a segurança do motorista rodoviário, que passa grande parte do dia exposto aos perigos de estradas que estão praticamente abandonadas pelo poder público. Mesmo não sendo uma responsabilidade dos patrões, a conservação das rodovias precisa ser vista como fator que influencia diretamente as condições de trabalho do motorista.

Jornada e descanso

Para muitos, o ato de dirigir já é estressante por si só. Mas quando é obrigado a trafegar por estradas mal sinalizadas, irregulares e perigosas, o motorista rodoviário precisa redobrar a concentração para evitar acidentes. Essa sobrecarga eleva o nível de tensão, provocando mais cansaço e abrindo brechas para episódios de desatenção.

É justamente para garantir a segurança e a integridade do motorista que a lei não permite uma jornada superior a oito horas diárias, com a possibilidade do cumprimento de duas ou quatro horas extra. O intervalo de descanso de 30 minutos também é fundamental para o trabalhador descansar e recuperar a disposição.

Além de estarem violando direitos trabalhistas, os empregadores que submetem motoristas a jornadas maiores que a estipulada em lei ou ignoram o intervalo de descanso estão colocando em perigo todos os cidadãos que utilizam as rodovias.

Produtividade

Os empregadores sempre falam sobre a importância da produtividade, mas, muitas vezes, fingem não saber que estradas esburacadas e mal sinalizadas prejudicam a rotina de trabalho dos motoristas.

Em alguns casos, o trabalhador precisa trafegar em velocidade muito reduzida para evitar acidentes ou estragos nos veículos. O problema é que essa situação geralmente entra em choque com os prazos que as empresas determinam para a realização das entregas.

Para o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, o empregador deve tratar a segurança dos motoristas como prioridade. “As empresas não podem exigir prazos incompatíveis com a qualidade das estradas, essa conduta é irresponsável. A combinação entre a pressa e a estrutura precária das rodovias pode ser fatal para o trabalhador. Por isso, as empresas precisam colocar a dignidade dos motoristas acima da produtividade”, afirma.

Fonte: Fetropar