Ele trabalha contra o tempo e corre na esperança de salvar uma vida. Estamos falando dos motoristas de ambulância, que ligam a sirene e enfrentam o trânsito caótico das grandes cidades para prestarem socorro às vítimas.

Esses profissionais desempenham um papel fundamental entre o tempo em que o serviço é acionado e a chegada da ambulância até o local de atendimento. Um minuto a mais e pode não dar tempo de resgatar uma vida.

Conforme recomendações da organização norte-americana National Association of Emergency Medical Technicians (NAEMT), o tempo médio de resposta entre o incidente e a chegada do resgaste deve ser de seis a oito minutos. Para o transporte da vítima até o hospital, oito a dez minutos são adicionados. Conhecido como Hora Ouro, o tempo total que o motorista gasta para chegar até o local do acidente, remover o paciente e encaminhá-lo ao hospital deve ser de 15 a 20 minutos.

Condições de trabalho, elas também pedem socorro

Nessa corrida para prestar socorro, os motoristas precisam lidar com a urgência nas condições de trabalho, aliada aos riscos à saúde. A carga de trabalho desses profissionais é elevada. Eles enfrentam plantões excessivos e escalas noturnas. Como consequência, muitos condutores-socorristas ficam cansados e desenvolvem problemas relacionados ao sono.

A profissão exige muito. A pressão e a cobrança são constantes. Por isso, muitos trabalhadores também apresentam estresse, ansiedade e até mesmo depressão. Outros são acometidos por problemas na coluna, pois as camas e macas usadas para remoção das vítimas muitas vezes não possuem alturas ajustáveis. Logo, os profissionais ficam em posturas inadequadas para fazer a transferência dos pacientes.

Em alguns casos faltam equipamentos ou eles não passam por manutenção regular. Ou, ainda, a equipe não possui treinamento adequado. Com isso, o motorista fica sobrecarregado de tarefas e não consegue administrá-las em tempo hábil.

A estrutura viária deficiente é outro fator que reflete no trabalho dos motoristas de ambulância. Sem falar, é claro, na violência urbana dos grandes centros, já que no Brasil os índices de acidentes de trânsito ainda são altos.

A frequente exposição ao ruído diário do tráfego, dependendo da sensibilidade de cada trabalhador, pode ser também um agravante para a saúde física e mental.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Fetropar), João Batista da Silva, quando se volta a atenção para o trabalho e para a gestão dos motoristas de ambulância fica evidente a falta de condições adequadas.

“A qualidade de formação do condutor-socorrista precisa ser prioridade. Diferentemente de outras categorias, ele guia o veículo e também auxilia no momento de atendimento aos pacientes. Portanto, trata-se de um profissional que necessita de bons salários e reconhecimento da função”, avalia.

Fonte: Fetropar