Quando se é criança, não tem nada melhor do que brincar. E existem muitas brincadeiras que contagiam até os adultos, como amarelinha, caçador e até soltar pipa. Esta, contudo, pode ser perigosa e até causar a morte.

Isso porque muitos adolescentes e adultos que soltam pipa utilizam o cerol, uma mistura de cola com vidro moído ou limalha de ferro que é aplicada nas linhas, com a finalidade de cortar as linhas das outras pipas. O produto é tão perigoso, que não tem apenas cortado as raias, mas também tem feito muitos motociclistas vítimas da brincadeira.

Uma forma de se proteger contra as linhas cortantes é com a instalação da antena “corta-pipa”. O acessório custa em torno de R$ 15 e pode ser encontrado em lojas especializadas em artigos de motocicletas.

A antena funciona como um anzol para a linha da pipa, e possui um ponto de corte. Além da antena, o motociclista deve preferir andar com a viseira do capacete sempre fechada.

O problema é que a responsabilidade por essa segurança muitas vezes fica por conta dos motociclistas, porque a grande parte das empresas não instalam equipamentos e acessórios de proteção ao trabalhador.

Desde 2009, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) obriga a “instalação de aparador de linha antena corta-pipas” para as “motocicletas e motonetas destinadas ao transporte remunerado de mercadorias”. Porém não especifica de quem é essa responsabilidade, permitindo que o empregador deixe a cargo do motofretista fazer a adequação de segurança na moto.

Dados

Não existem dados oficiais sobre acidentes com cerol, mas, segundo um movimento do Rio de Janeiro, que lançou a campanha Cerol Mata, apenas em dezembro de 2015 três motociclistas morreram no estado, em razão de acidentes relacionados a essas linhas com cerol.

Desde 2009, a produção, a venda e a utilização do cerol são consideradas como crime no Paraná. Mesmo assim, ainda é muito comum ver pipas com linhas que possuem cerol. Basta dar uma rápida pesquisada na internet para perceber que, por todo o país, diversos acidentes com motociclistas são registrados com frequência, inclusive com mortes.

A capacidade de corte do cerol é tão grande que nem mesmo as roupas especiais protegem os motociclistas. Alguns equipamentos de segurança, como o capacete, são cortados facilmente, como se fosse um papel. Então, se a mistura faz isso com um plástico resistente, dá para imaginar o estrago que faz em uma pessoa.

De acordo com o Corpo de Bombeiros do Paraná, a principal região do corpo dos motociclistas que é atingida pelas linhas com cerol é o pescoço. Por isso, dependendo da gravidade do corte, o acidente pode ser fatal.

Segundo o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, a fiscalização e a aplicação da pena e da multa para esse crime é a melhor forma de prevenir mais mortes ou acidentes causados pela irresponsabilidade daqueles que utilizam cerol.

“O motociclista deve ficar atento, principalmente em época de férias escolares, para evitar que a brincadeira de uns custe a vida de outros”, alerta João Batista.

Fonte: Fetropar