Acusada de crimes de responsabilidade fiscal, a presidente Dilma Rousseff foi afastada do cargo. Em 31 de agosto, frente a um Senado majoritariamente branco e masculino, ela sofreu um golpe institucional e foi afastada, definitivamente, do cargo da Presidência.

Por meio de uma farsa jurídica, Dilma foi ré de um dos mais vergonhosos capítulos da história da política brasileira. Contra ela, por exemplo, não foram levantadas quaisquer suspeitas de enriquecimento ilícito ou aproveitamento do cargo em benefício próprio. Lógico, a presidente não foi levada a julgamento por isso.

O objetivo claro era tirá-la, a qualquer custo, do cargo. As oposições, lideradas nas sombras pelo até então vice-presidente, Michel Temer, passaram a se articular.

O afastamento de Dilma, porém, não começou agora, ao contrário: teve início logo após o resultado das eleições, em 2014. Os adversários não esperavam perder as eleições. O resultado das urnas, porém, revelou uma nova história, que fez com que um plano B fosse articulado rapidamente. Fomentado pela mídia, um mês após as eleições já havia protesto a favor do impeachment.

Mais do que o afastamento definitivo da primeira mulher a assumir o cargo da Presidência, a saída de Dilma representou um verdadeiro golpe à democracia do país.

As provas levantadas contra a presidente não passaram de pretexto para atingir também os trabalhadores, as mulheres, a juventude e os negros. É por isso que, com a posse permanente de Michel Temer, as camadas menos favorecidas serão as mais afetadas pela nova política imposta pelo governo.

Enquanto Temer permanecer no poder, o povo brasileiro vai sofrer. Com uma agenda de programas que atende aos interesses da direita e promete cortar benefícios, ele já acenou para a possibilidade de mexer nos direitos dos trabalhadores, na aposentadoria e na regulamentação da terceirização.

Se não foi possível impedir o golpe, agora é a hora de se organizar e lutar para que os interesses das elites não sejam sobrepostos aos interesses do povo trabalhador.

No entanto, o que acontece no Brasil acompanha uma ofensiva conservadora que atinge toda a América Latina.

“O que estamos vendo é um golpe contra toda a classe trabalhadora. Não resta outra alternativa, a não ser nos mobilizarmos. O espaço do povo deve ser a rua, porque as instituições estarão tomadas pelos interesses das elites”, alerta o presidente da Fetropar, João Batista da Silva.

Fonte: Fetropar